O trabalho de investigação sobre o Caminho de Peabiru, iniciado por Dakila Pesquisas há mais de 30 anos, trata-se de uma complexa avaliação dos ambientes, observando inúmeros elementos, desde os materiais de origem da localidade, como aqueles que foram introduzidos na área. Além das próprias questões arqueológicas e antropológicas, existe o levantamento histórico, aqueles detalhes ocultos que só podem ser contados pelos descendentes dos moradores mais antigos.
Com o avanço do sistema de comunicação, a equipe de pesquisa vem recebendo inúmeras indicações por conta da propagação aberta de suas incursões nas mídias sociais, que auxiliaram para a expansão de novas conexões. Por tais motivos, Dakila Pesquisas retornou mais uma vez ao Paraná, entre os dias 04 e 11 de Dezembro de 2023, para cumprir uma agenda de reconhecimento de possíveis vínculos com os Caminhos de Peabiru.
Confira o Diário de Bordo resumido desta etapa das pesquisas de campo para o mapeamento das estradas mais antigas do mundo, que levavam a Ratanabá.
Dia 04 de Dezembro: Segunda-feira
O dia iniciou com uma reunião conduzida na prefeitura municipal de Castro, para alinhamento dos objetivos das pesquisas e áreas a serem visitadas. Estando presentes o Prefeito Álvaro Teles; a Secretária de Cultura, Indústria, Comércio e Turismo, Gisele Ávila Coradassi; a Superintendente de Turismo, Maristela Ronconi; o Chefe de Departamento de Turismo, Juliano Roberto, a Historiadora Amélia Podolan Flugel e o Sr. Joel Lourenço, Pesquisador de Memórias.
Já neste primeiro dia a equipe de pesquisa foi guiada pelo Sr. Joel e Juliano Roberto até uma área onde possuem “Taipas”, que podem ser encontradas na estrada de Castro que segue para o Município de Tibagi. As estruturas eram semelhantes a muros feitos de pedras, madeiras e barro, geralmente utilizadas para demarcações, contenção ou limitações de terras.
O segundo ponto visitado é conhecido como Pata do Leão ou Escarpas Devonianas, local com grandes pedras e diversos petróglifos, alguns destes já sofreram deterioração devido as intempéries e outras variantes, mas algumas marcas ainda são bem visíveis, como peixes, constelações, cruzamentos e outros símbolos que possivelmente indicam direções, possuindo até 15 metros de extensão.
O dia foi encerrado com a visitação de uma propriedade particular, onde foi encontrado uma vala semelhante ao geoglifo identificado no Recanto de Peabiru, no município de São Lourenço da Serra, no estado de São Paulo. Um pedaço desta formação foi aparentemente soterrada, mas parte da estrutura contínua visível, sendo possível identificar “taipas” em alguns trechos das paredes desta vala.
Dia 05 de Dezembro: Terça-feira
No segundo dia, a equipe foi direcionada pelo Sr. Joel até uma comunidade indígena Guarani próxima a Catanduva, onde possuem as intituladas “casas subterrâneas” ou “casas de poço”. Roberto, proprietário do local, acompanhou os pesquisadores para mostrar os pontos escavados para moradia, podendo ter 3 metros ou mais de profundidade e túneis de interligação. As datações são de aproximadamente 4.000 mil anos, sendo encontrados muitos artefatos nas regiões em volta.
Outro ponto visitado foi a Gruta Olho D’água, onde fica uma das maiores cavernas do Paraná, localizada no distrito de Abapã, no município de Castro. Os pesquisadores foram guiados por Juliano Roberto e puderam verificar as formações naturais, buscando por vestígios que poderiam integrar o local aos percursos do Caminho de Peabiru.
Dia 06 de Dezembro: Quarta-feira
A equipe seguiu viagem até o Parque de Natureza Buraco do Padre, localizado dentro do Parque Nacional dos Campo Gerais, no distrito de Itaiacoca, no município de Ponta Grossa.
Uma das suspeitas é que nele, poderia estar localizado um dos grandes Silos dos Caminhos de Peabiru, que serviam de abrigo para cerca de 50 pessoas, além de possuir maior capacidade para o armazenamento de alimentos e água. Já no início das trilhas, foi localizado características que remeteram as estruturas das estradas de Peabiru, seguindo um padrão de escadarias. Esses pontos foram localizados em paralelo as passarelas construídas para os visitantes, identificados também a presença de taipas para contenção em volta desses trechos. Os pesquisadores ainda observaram uma vegetação semelhante ao típico gramado peabiru e alguns petróglifos nas rochas, que a própria administração do parque não tinha conhecimento.
Chegando ao ponto do Buraco do Padre, os pesquisadores puderam avaliar as formações rochosas do local e realizar vários registros. A estrutura possui características interessantes que indicam que o local pode não ser uma estrutura natural, mas algo propositalmente construído, como suspeitado inicialmente.
Após este ponto, seguiram para a Fenda da Freira, uma cavidade natural subterrânea formada na fratura de uma rocha, possuindo mais de 300 metros de extensão e com cerca de 106 metros visitáveis.
Dia 07 de Dezembro: Quinta-feira
Durante a expedição, a equipe recebeu algumas indicações de pontos a serem visitados na região, uma delas foram as “Casas de Pedra” no município de Tibagi.
Na pousada Salto Puxa Nervos, nosso guia Coelho, acompanhado do Sr. Joel, levou os pesquisadores até as áreas que existem espaços nas rochas que eram utilizadas como abrigo. Nesses locais já foram encontrados fósseis, inclusive de trilobites do período Paleozoico, assim como peças cerâmicas, pontas de flechas e pedras alongadas que serviam tanto para moer sementes (pilão), como para proteção. Outro artefato curioso encontrado, durante garimpos no rio de Tibagi, foi um ídolo de estanho, identificado como o Deus Grego Hermes.
No final do dia foi realizado uma visita ao Museu Histórico Desembargador Edmundo Mercer Júnior, em Tibagi, onde os pesquisadores concederam entrevista para o site da prefeitura do
município, explicando as investigações em andamento.
Dia 08 de Dezembro: Sexta-feira
No quinto dia de pesquisas a equipe retornou ao Parque de Natureza Buraco do Padre, levando mais equipamentos para analisar os pontos identificados previamente.
Fernando Andreazza, pesquisador da equipe de Dakila, realizou o sobrevoo com o equipamento LiDAR (Light Detection and Ranging), para gerar imagens topográficas, que serão posteriormente analisadas. O GPR (Ground Penetrating Radar), também foi utilizado, sendo um radar de penetração do solo que consegue, de forma não invasiva, fazer uma investigação geofísica, que identificou cavidades com 8 a 9 metros de profundidade.
Os indícios dos Caminhos do Peabiru encontrados no Buraco do Padre eram mais extensos do que o avaliado na visitação anterior, atravessando o rio, continuando na propriedade da fazenda vizinha.
Dia 09 de Dezembro: Sábado
Já em Curitiba, a equipe concedeu entrevista para a Rede Massa, filial do SBT, que foi veiculada como uma reportagem especial na terça-feira seguinte (12/12), no programa Tribuna da Massa. No final do dia, houve uma confraternização com o núcleo de Associados de Dakila Pesquisas da capital.
Dia 10 de Dezembro: Domingo
A equipe foi analisar uma propriedade particular, cruzando um pedaço da Estrada da Graciosa, rota utilizada pelos tropeiros, conectando o litoral ao município de Quatro Barras.
Na localidade foram encontrados indícios dos Caminhos de Peabiru, como a vegetação tradicional e as taipas utilizadas para contenção de pontos da estrada. Os equipamentos do LiDAR e GPR foram utilizados,
encontrando traços de metais no solo, assim como cavidades diferenciadas.
Dia 11 de Dezembro: Segunda
Pela manhã, o CEO do Ecossistema Dakila e a Diretora das pesquisas de Ratanabá, foram entrevistados ao vivo no programa Destaques, da emissora Rede Massa, filial do SBT de Ponta Grossa e região. Os pesquisadores puderam relatar um pouco sobre as investigações em andamento, ressaltando a riqueza do estado com relação aos vestígios dos Caminhos de Peabiru.
A noite, a equipe retornou ao estado de Mato Grosso do Sul, iniciando os preparativos para mais uma agenda de investigações, agora no estado de Mato Grosso. A programação foi realizar um sobrevoo nas quadras de Ratanabá, passando pela Aldeia Mayrowi e visitando pontos onde foram encontrados petróglifos diferenciados, incluindo o que pode ser o maior painel da região amazônica, com gravuras e microgravuras inéditas. Confira a matéria aqui.
Para acompanhar toda esta movimentação, siga os canais oficiais: @dakilapesquisas | @ratanaba.oficial | @urandir_oliveira
E para conferir as entrevistas do SBT na íntegra, acessem os canais no Youtube: @DakilaPesquisas | @UrandirResponde | @Ratanaba.Oficial
Equipe de Pesquisa (04 e 11 de Dezembro de 2023)
· Urandir Fernandes de Oliveira
· Adriana Araújo
· Alex Sander de Oliveira
· Alcides Oliveira do Amaral Jr.
· Fernanda Maria de Lima
· Fernando Andreazza Silveira de Oliveira
· Larissa Kautzmann
· Luciana Castelo Branco
· Maria Paula A. da Cunha