Termômetros marcando 18ºC, vento gelado e uma neblina que ofuscava a vista dos prédios, esse era o clima que permaneceu durante toda a noite do evento Terra Gloriosa, que aconteceu no dia 31 de março, mas que mesmo diante do frio, não foi motivo para a população ficar em casa. A Praça do Rádio ficou extremamente calorosa com a quantidade de pessoas que foram prestigiar a cultura paraguaia. A neblina trouxe a magia para a dança e a música que fez muitos se arrepiarem de emoção ao reviver lembranças do passado.
Marilei Lopes é aluna do curso de língua guarani do Consulado do Paraguai em Campo Grande. Acompanhada de uma amiga, foi prestigiar o evento que ficou sabendo por meio das redes sociais. Com alegria no rosto, ela conta que ficou encantada com toda a cultura retratada. “A experiência foi maravilhosa, tem que ter uma segunda edição. Moro em Campo Grande, mas sou paranaense, e tenho profunda admiração pela arte paraguaia, e vejo que a parte histórica da guerra da tríplice aliança já ficou registrada e as fronteiras, os países vizinhos, tem que se confraternizar cada vez mais, pois somos todos partes de um só planeta e precisamos ser irmãos”, afirmou.
Eleida Maria, se emocionou ao assistir as danças do Elenco de Luque. “É uma emoção enorme, me arrependeria muito se não tivesse vindo. Ver a alegria dessas moças e a história por trás da dança me remeteu a uma fase da minha vida em que fui muito feliz”, contou.
Noite inesquecível
A Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) de Campo Grande ficou responsável por toda a estrutura do local para a realização do grande evento. Cadeiras e tendas foram colocadas e assim ninguém ficou desabrigado da forte neblina. E por falar em tempo frio, uma taça de vinho casa super bem com o clima, por isso a 067 Vinhos se fez presente durante a noite levando os melhores rótulos para se degustar durante os shows.
No local havia também outras opções de bebidas e alimentos para consumo. Estandes do BDM Digital e da Kion Cosmetics, empresas do Ecossistema Dakila, estavam à disposição do público, bem como outros comerciantes locais.
A banda Jaguaru Folk abriu a noite com um repertório espetacular, aproximadamente 25 minutos de muita polca e guarânia que agitou o início do evento. Em seguida do show, o presidente do Ecossistema Dakila, Urandir Fernandes de Oliveira, e o empresário Alan Fernandes de Oliveira, proprietário da 067 Vinhos e da Pantanal Trading, subiram ao palco e receberam dos artistas reconhecimentos e presentes em nome das Prefeituras de Yaguarón, Caacupé, Luque e do Núcleo Tapé Aviru Paraguai.
Juliet Sarai e Carlos Julian González, organizadores principais do Núcleo Tapé Aviru, também foram agraciados com reconhecimentos entregues pelo Ecossistema Dakila, em nome do Urandir e do Alan, como forma de agradecimento por todo o empenho e dedicação na realização do evento.
Na sequência, o grupo Las Paraguayas assumiu o palco da praça e foi responsável pela animação nas horas seguintes. A alegria foi contagiante, todos dançaram, cantaram, bateram palmas e interagiram com os bailarinos do Elenco Folklórico Municipal de Luque. Entre uma apresentação e outra, o público ocupava o tablado de madeira e dançava alegremente as músicas paraguaias.
O Elenco Folklórico encantou o público com as danças típicas e cheia de histórias. As roupas, os passos, os objetos usados em cena cativaram os olhos de todos que estavam presentes assistindo ao show presencial ou online pelo canal da TVCH no YouTube. A apresentação artística foi dividida em quatro atos, o primeiro marcava a homenagem à bandeira e ao país que chamam de Terra Gloriosa, o segundo trouxe a memória dos homens que trabalham no campo. O adestramento, marcação de animais, corridas de cavalos e o jogo de Sortija foram recriados neste ato, onde a galanteira e a galhardia do tropeiro paraguaio vem à tona.
A terceira parte retratou as gloriosas mulheres paraguaias que se destacam em inúmeras tarefas, inclusive no artesanato. Nesta dança, o elenco da cidade de Luque interpretou um ato de origem folclórica chamado “Artesanías de mi tierra”, destacando a figura das “Galopeiras” que, com jarro na cabeça transportavam água fresca para saciar a sede dos peregrinos.
O último ato, chamado “Kerambipu Jeroky” trouxe a serenata, uma tradição genuína do Paraguai, com a conquista do amor da mulher mais difícil. Uma representação de Emiliano Rivarola Fernández, que dedicou seus melhores versos à mulher paraguaia durante um dos acontecimentos mais trágicos e tristes da história do país, a “Guerra del Chaco”, entre Paraguai e Bolívia, nos anos de 1932 a 1935. Neste ato, foi homenageado o sentimento mais puro entre dois seres humanos, o amor.
Para encerrar a noite de forma extraordinária e inesquecível, as dançarinas do grupo fizeram uma apresentação final, denominada “La Danza de la Botella” onde no meio da graça, simpatia e no ritmo do galope, garrafas eram empilhadas na cabeça, uma sobre a outra.
O show continua nesta sexta-feira (01) e sábado (02). A mostra de dança e música vai acontecer no dia 1º de abril, em Corguinho, na praça Limirio Cândido Vilela, a partir das 18h. E no dia 02 de abril o grupo segue à região do Taboco para se apresentar. O evento vai começar às 18h na Av. Pedro Balduíno – em frente a Escola Francisco Nogueira Sobrinho.